Eis o melhor e o pior de mim. O meu termomêtro, o meu quilate.

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terça-feira, setembro 02, 2014


Veet Cera Quente Oriental


Depois que o meu satinelle da Philips se quebrou misteriosamente (por mau uso), fiquei  sem aparelho de depilação. Como já tinha sofrido muito com cera, não queria voltar pra esse perrengue. Acontece que minha virilha o pêlo encrava que é uma maravilha, ainda mais se pronunciar a palavra “praia”. Eu não ia para a praia, mas não queria fazer a linha monga então fui dar uma olhadinha por acaso na perfumaria. Vivo entrando por acaso na perfumaria e isso é um antidepressivo pra mim.

Lá estava eu, no dilema das ceras e com a imagem do terror na minha mente. Cera faz sofrer. Não que satinelle seja uma delícia, mas satinelle na hora que quer dar um descanso pra dor você pára, com a cera depois que você passou meu bem, ou você puxa ou você puxa. Não dá pra desistir.

Fui olhando e de repente vejo a ”novidade”. Os olhos das mulheres brilham na palavra “novo”. Sei-lá, pelo ao menos os meus brilham. Cera Oriental a base de açúcar. A base de açúcar? Para mim parecia bom, por que dizia que saia com água. Odeio ficar colada com cera. Aquela maldita cola em você e nem um exorcismo arranca. E também aquece no microondas. É um saco ficar três dias no banho-maria e na hora que você vai depilar a cera já está dura de novo.

Levei pra casa com a esperança de um novo amanhã e quando fui usar eu simplesmente AMEI! Tudo é bom nessa cera! O cheiro, a textura, a pazinha de depilação, a embalagem, até o ar que está em volta. Ou seja, amei mesmo. Nem senti dor e se você se arrepender depois que passou a cera é só correr e lavar que sai com água.

Ela é meio melecosa  por que é a base de açúcar, por isso é bom usar luva pra não ficar com a mão melada no meio da depilação e atrapalhar tudo. E também não é bom ficar muito tempo com ela pra não atrair formigas. Não é zoeira, ela não atrai formigas. Acho que não.

Enfim, sensacional. Se você é como eu que não gosto que ninguém toque nas minhas pobres virilhas para depilação, vale provar.


Nanda Pereira


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terça-feira, julho 08, 2014


Como Fazer um Peeling em Si Mesma e Destruir Sua Pele




Num post anterior contei a história da minha pele que sempre foi acneica e que sempre me deu um trabalhão. Faço tudo na minha pele. Tenho meus cuidados básicos, cuidados específicos, cuidados extraordinários e até os cuidados obsessivos. Faço tudo para ela ficar equilibrada e essa bandida insiste em me embarangar ficando com acne e toda marcada. Faço minhas máscaras, limpeza de pele e uso meus ácidos, mas não estava satisfeita.

Como esteticista, estava pensando em comprar um conjugado facial que são uns aparelhos com peelings e microcorrentes para tratar a minha pele. E eis que em minhas pesquisas, descobri em um site chinês um aparelhinho de microdermoabrasão portátil por apenas 30 realezas! Na hora que vi meus olhinhos brilharam, por que o conjugadinho mais sem vergonha custa mil Dilmas aqui no Brasil. Então olhei aquele aparelho e pensei: é tudo o que eu preciso para minha pele se transformar em uma pele nova, sem contar que ele ainda vinha com cinco disquinhos: escovinha, esponja de látex, outra esponja que não sei do que é, um massageador e o disco abrasivo. Pedi o bonitão. Bonitinho, por que é portátil.

Para quem não sabe, a microdermoabrasão é um peeling mecânico que retira células mortas e envelhecida e estimula a produção de células novas. É conhecida também como o peeling de diamantes. É claro que tem muitas variações, mas o resultado é sempre estimular a renovação celular retirando a camada queratinizada e de células mortas na pele. Resultado: uma pele novinha, luminosa e sem manchas. Esse aparelho não especifica qual a pedra usada, se é diamante ou safira. Pelo preço era bem capaz de ser pedra de concreto mesmo.

Demorou um pouquinho e meu lindo aparelho chegou e fiquei toda feliz. Fiz o teste para saber o poder abrasivo da pedra e era uma pedra delicada e fininha, então achei segura. Aí chegou a hora de experimentar. Estava tão ansiosa e segura, por que faço esse tipo de peeling constantemente em minhas clientes e suas peles sempre ficam maravilhosas. Claro que o material que uso no instituto que trabalho é de longe muito mais perfeito, mas pensei que o meu dava para quebrar o galho. Ah, estava com umas marquinhas de acne que não saiam de mim, já não aguentava mais. Precisava de uma renovação celular geral.

Peguei meu aparelhinho depois de higienizar devidamente minha pele e fui. Passei uma vez, passei outra, e fui passando com cuidado e calma. O caminho do peeling é esse: vai uma vez na linha e volta na mesma linha e pula pra outra linha. Estou cansada de fazer isso e sempre as peles ficaram perfeitas. Mas como era a minha pele, eu pensei: ah, vou fazer algo um pouquinho mais profundo pra renovar mais. Esteticista é assim, vira cobaia de si mesmo.

E comecei meu peeling. Passava a pedra e voltava, ia e voltava em êxtase, quase com obsessão : vai, renova pele. Renova. Renooova-me, Senhor Jesus, já não quero ser igual! E fui passando e passando. Depois que passei 80 vezes em cada linha eu parei. Quando terminei, meio vermelho, tudo bem. Na hora que fui passar a máscara... Ai ai ai. Aí que o negócio fedeu.  A pele queimou. Eu pensei: gente, essa máscara tá com problema! Ah, quem dera fosse. Troquei para uma máscara cicatrizante, por que descobri com muito pesar que no intuito de tirar a camada de células mortas da epiderme, eu tirei foi toda a camada de células vivas da epiderme, da derme papilar e da derme reticular ainda. Por pouco não chegou ao osso. Bobagem, a pele só ficou roxa e sangrando.

No dia seguinte, lá vou eu trabalhar com a pele inteira arranhada. Já fui falando logo: Não me perguntem nada! E a vergonha de falar que rasgo minha cara depois de quatro anos consecutivos atendendo clientes todos os dias? Depois de estudar como louca e de estar careca de saber como se faz um peeling?  Aparecer com a cara rasgada é humilhação demais. Mas não há de ser nada. Nada que uma camada de corretivo verde, uma de corretivo claro, uma de base alta cobertura e uma de pó não resolvam.

Passou o processo de cicatrização, ficou uma crostinha que eu não cutuquei. Usei muito filtro solar e seis dias depois minha pele estava nova. E fica novinha mesmo. Fica lindinha. É natural depois da  microdermoabrasão formar uma crostinha. No meu caso formou-se uma crostona. Todavia, o resultado no final foi ótimo. Estou rezando para que células de melanina não se revoltem por causa da agressão e não joguem uma mancha de tinta preta na minha cara. Mas, é certo, claro, obvio e evidente que não se deve se aventurar uma microdermoabrasão em si mesmo e que nunca mais vou passar uma pedra de peeling 80 vezes na minha pele. Não, isso não mesmo!

Nanda Pereira


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domingo, junho 22, 2014


A História da Minha Pele







Quando decidi ser esteticista não foi aleatoriamente. Pesquisar uma profissão para mim foi um grande sufoco, já que gosto de muitas coisas e várias muito distintas. As minhas primeiras opções foram fazer filosofia e teologia. Mas aí imaginei que não era nenhuma Hanna Arendt, e que com certeza o máximo que ia conseguir como filosofa era pedir dinheiro na rua. Teologia então nem se fala. Passou pela minha cabeça várias profissões, mas quando optei pela estética, não foi nenhum pouco pelo lado fútil que muitas pessoas veem. Na verdade a estética é muito mais profunda e valiosa para as pessoas do que podemos imaginar. E eu, já vinha tendo um caso com a estética sem perceber. E pensar no quanto eu já havia pesquisado sobre pele, por causa do meu problema de pele, já foi uma mão na roda para fortalecer minha escolha.

Quando eu era adolescente eu tinha muita acne. Mas não era só muita acne, era muuuita acne! E pra variar meu apelido era chokito. E na minha época não tinha esse negócio de bullying não. Se você ia reclamar pra professora ela falava: Para de fazer bagunça chokito, vai sentar.
Então sofri muito. Toda vez que eu passava no corredor eu tinha que escutar um coral de demônios cantando: “leitecondensadocaramelizadocomflocoscrocantescobertocomodeliciosochocolatenestle.”E isso era um tormento. Por causa desse bullying desenvolvi minha personalidade sarrista. Por que se você não pode com eles, zoem eles de maneira pior pra eles pararem de zoar você.. Mas no fundo, a cara cheia de espinhas não é algo que te faz feliz ao olhar no espelho. Isso mexia muito com minha autoestima.

A partir dos meus descontentamentos, comecei a investigar sobre a acne. Fazia de tudo. Tudo o que não precisava de muito dinheiro por que a grana era sempre curta e a acne não era mais importante que comer. Então, todas as receitas milagrosas que apareciam, que alguma senhorinha me falava, eu fazia.  Tinha feito de tudo. Clara de ovo com maizena, máscara de barro, máscara de aveia, Minâncora, acnase, elixir de inhame, exfoliação com açúcar (não façam isso pelo amor de Deus!) e um dia uma senhora falou pra mim: ‘ Oia, coisa boa memo pra espinha é titica de galinha. ’ Eu fazia qualquer negócio, tamanho o desespero e lá vou eu atrás de uma galinha pra pegar sua titica e passar na cara. Ainda bem que não achei, por que não quero nem pensar na infecção que isso ia provocar na minha já tão destruída cútis. Mas nada poderia ser pior do que estava por vir das minhas experiências desesperadas. Um dia me deram outra receita milagrosa: Fia, merthiolate incolor vai acabar com suas espinhas! Lá vou eu tontamente comprar o negócio. Aí eu peguei um pouquinho com algodão e passei. Aí pensei: - Acho que é melhor por mais. Então, peguei o algodão sossegada e feliz, dei uma boa encharcada e fiz-me uma bela de uma compressa de quatro horas de merthiolate incolor no rosto todo.

Quando eu tirei senti que minha pele não era mais a mesma. Não. Ela era um tecido inchado com vesículas espalhadas por toda sua dimensão. Meus olhos estavam comprimidos perdidos dentro do inchaço da epiderme e derme. Na ânsia de virar Gisele, fiquei foi é com o rosto deformado mesmo. Entrei em desespero. E para completar minha aflição, meu namorado da época ao me ver em tal estado saiu correndo e terminou comigo lá do portão. Adolescente, com a cara lascada e com um namorado filho da puta que nem serviu pra levantar a minha autoestima, esse foi o fim.

Para adolescente tudo é o fim. Mas aí, depois de tudo isso fui ao médico e minha pele nunca mais foi a mesma. Ficou um lixo total e absoluto. Mas que poderia ter sido motivo de depressão me incentivou a fazer inúmeras pesquisas sobre pele. O que me levou a ser uma adoradora do maior órgão do corpo humano e a me tornar uma apaixonada pela minha profissão. Acne é difícil demais de lidar e eu só consegui equilibrar minha pele com 25 anos. Imagine, dos 14 aos 25 sofrendo com essa bandida embarangadora. Hoje com 30, ainda sofro com ela, especialmente perto do período menstrual e quando como três barras básicas e sutis grandes de chocolate sem perceber. Mas, hoje sei lidar com ela e até virei amiga. É... não virei amiga não.


Tem algumas que me acompanham tanto que já até tem nome. Mas a vantagem de ter cuidado desesperadamente é que não tenho cicatrizes. Graças a Deus. O que eu tenho a dizer aos jovens que tem acne é: não desanimem e não deixem a acne ser empecilho para seus relacionamentos e não deixe ninguém atacar sua autoestima. Se te colocarem um apelido, coloque na pessoa um apelido pior. E se um namorado sair correndo quando vir sua pele zoada, é bom que ele vá mesmo por que se ele não te aceita com a pele ruim, não te merece Diva. Cuide bem da sua pele, pois a acne pode deixar danos irreversíveis. E hoje existem tratamentos sensacionais que não tinham na minha época e que ajudam muito. E conviva bem com ela por que a pele da mulher às vezes a acne acaba só com a menopausa e na pele do homem a oleosidade pode cessar só com 80 anos. Aí é tempo demais pra perder com depressão pela acne. 

Nanda Pereira




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