Minha amiga Valéria e eu tínhamos trabalhado horrores e estávamos desesperadas pra respirar um ar sufocante de balada (na época ainda não tinha a lei antifumo).
Tudo pronto, fomos pra baladinha, felizes e saltitantes.
Tudo muito bom, música bombando, vários gatinhos.
De repente ele veio. Um gato. Veio fazendo a dança do acasalamento e eu não resisti, fui totalmente seduzida pelo deus latino rebolante de cavanhaque.
Ficamos a balada inteira, no final ele pegou meu telefone e eu já tirei a novena do bolso e comecei a rezar pra ele me ligar.
Dia seguinte o cara me liga, marcamos de nos encontrar uma semana depois, e ele me chamou pra ir na casa dele. Como ele morava com os pais, não vi problema.
O cara tinha me contado que era modelo, que trabalhava como gerente de não sei o que, que ganhava horrores. Não tinha entendido porque ele estava contando tanta vantagem, mas como ele era lindo, na maioria das vezes eu nem escutava o que ele falava. Era quase sempre um blóblóbló blóbló e eu concordava sorrindo. Eu só sabia que ele era lindo e rico pelo o que ele me falava.
Quando chegou o dia de nos encontrarmos, eu já estava pronta duas horas antes do combinado. Cheguei onde ele morava e fomos caminhando até a casa dele.
No caminho, ele quis parar no mercado pra comprar fruta pra fazer suco. Eu o vi pegando só uma manga, achei tão estranho e perguntei se tinha muita gente na casa dele e ele disse que não. Ao chegar em sua casa, tinha umas trinta pessoas, entre eles seus avós, sobrinhos, sua mãe e sua irmã que estava grávida.
O sujeito me saca aquela manga, descasca e faz DOIS copos de suco. Fiquei morrendo de vergonha com o copo de suco na mão enquanto todo mundo me olhava com sede e a mulher grávida me olhava com piedade.
Com medo de ter um tersol por regular comida pra grávida dei meu suquinho pra mulher.
Olhei pro indivíduo e ele estava tranquilo tomando o suco, nem deu confiança. Me deu vontade de dar uma tapa na boca dele e enfiar aquele copo de suco por sua guela abaixo.
A verdade é que ele era um duro, só contava vantagens de si mesmo, se achava e ainda tratava mal a família... Dessa eu sai fora porque como diz a sabedoria popular se trata mal a mãe, também vai tratar mal a gente.
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Juninho Suco no Portão da Esperença (Hermes e Renato) |
1 comentários:
Não seria mais prático comprar um suco de manga de caixinha?
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