Eis o melhor e o pior de mim. O meu termomêtro, o meu quilate.

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sábado, abril 21, 2012


Os Corpos Sem Alma

Foto: Leandrovitor.blogspot

Meditando a música Paciência do Lenine, parei no momento em que ele fala que o corpo pede um pouco mais de alma. “O corpo pede um pouco mais de alma...” Isso é de uma profundidade absurda, porque realmente existe um monte de corpo sem alma andando por aí.


Quem anda de metrô em São Paulo em horário de pico sabe exatamente como são esses corpos sem alma. Isso sem contar na linha 9-Esmeralda da CPTM, ali a infinidade de corpos sem alma assusta. Os corpos sem alma são aquelas pessoas que não tem bom senso. É aquele sujeitinho que vê que a estação está abarrotada e ele fica parado bem na porta, impedindo as pessoas de entrarem, fazendo com que o próximo trem vá mais cheio ainda.É aquela múmia que está atrás de você e vai te empurrando para entrar, sendo que tem 400 pessoas na sua frente, como se o ato de te empurrar desse a ela o poder de passar através de você e das 400 pessoas. Ou aquela fulaninha, que hoje não está com pressa, portanto ela fica bem paradona na escada rolante e não sabe ler aquela placa que está escrito: DEIXE A ESQUERDA LIVRE SUA ANTA! Na verdade devia estar escrito: SUA ANTA, para que ela entendesse que é com ela mesma.


Essas pessoas não tem consciência coletiva, elas não entendem que até São Paulo ter linha suficiente de metrô, infelizmente teremos que andar um em cima da cabeça do outro. Mas ela não acha que ela tem responsabilidade para a melhoria do coletivo, ela acha que o governo é que tem que fazer tudo. Sim, o governo tem que fazer linhas suficientes, mas a realidade que vivemos hoje é de um metrô cheio, bombando, insuportável. A Linha Amarela ainda faltam 5 estações para serem inauguradas e já tem gente saindo pelo encanamento. Se as obras continuarem nessa velocidade, teremos linhas agradáveis e suficientes para a população de São Paulo em uns 50 anos. 50 anos? Sim, tudo isso. Talvez a gente nem usufrua desse transporte tão maravilhoso, porque até lá espero ter minha casa no conforto do Interior, andar a pé até a venda, sentar na calçada à tarde, cuidar da vida do vizinho... A minha verdadeira opinião de uma cidadã leiga, é que a solução para o trânsito de São Paulo nem é metrô mais, por que essas linhas estão tão cheias que vai precisar fazer trens infinitos, ou linhas paralelas para o mesmo lugar. O ideal seria levar o trabalho para perto da casa das pessoas, por que uma grande parte dos municípios de São Paulo é cidade dormitório, aonde as pessoas só vão para dormir. O trabalho se concentra no centro, fazendo todo mundo ir para o mesmo lugar ao mesmo horário todos os dias. Que delícia seria poder trabalhar perto de casa. Não demorar duas horas, às vezes três para chegar ao trabalho e com esse tempo poder fazer o que quiser: dormir, estudar, ler, fofocar, peidar... O que quiser mesmo, desde que não seja nada ilegal, né?


Até esses devaneios se tornarem realidade, temos que viver desse jeito, metrô cheio, desgaste emocional e stress. Por isso, temos que buscar passar por isso da melhor maneira possível, sendo pessoas educadas e gentis. Ter percepção de deixar a esquerda livre para quem está com pressa. Se for possível, deixar as portas livres para as pessoas saírem. Tem gente que pega o trem no Grajaú e só vai descer em Osasco, mas a múmia fica bem na porta até chegar o seu destino.

Educação não pode ser artigo de luxo e nem deixar guardada em casa para usar em festa. A educação, a gentileza e o bom senso tem que estar presente em nossa vida em todos os momentos. Somos responsáveis pelo mundo que vivemos, fazemos esse mundo. Não podemos mudar o mundo todo, mas podemos mudar o nosso mundo ao nosso redor com atitudes onde pensamos no próximo, porque somos o próximo do próximo, entende?


Não sejamos como corpos sem alma, como zumbis. Sejamos pessoas educadas, gentis e elegantes. Só temos a ganhar.


Fernanda Pereira
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quarta-feira, abril 18, 2012


A Pele Que Habito


Esse é um filme realmente surpreendente. Quando você começa a assisti-lo, fica meio querendo entender o que está acontecendo, querendo matar a charadinha, mas na hora que você descobre o que acontece você fica com o cara no chão.


A Pele que Habito, de Pedro Almodóvar, conta a história de Robert Ledgard, um cirurgião plástico muito talentoso e totalmente anti ético. Sua esposa, ao fugir com o amante sofre um acidente e fica carbonizada. Ele a salva, mas no dia em que ela consegue ver seu reflexo no vidro da janela, fica escandalizada e se atira pela própria janela, morrendo na frente da filha, Norma, que após isso começa a ter transtornos psiquiatricos.
Depois de sua filha ter sido violentada, Robert, que deveria se chamar Marimar, vai atrás do suposto estuprador de sua filha e o sequestra e é aí que começa o babado. Fico nervosa só de lembrar. Ele coloca o rapaz, lindo de viver, em um cativeiro e começa a deixar o cara meio doido e faz uma vaginoplastia no rapaz. Que mente insana, vingativa, criativa e doentia! Após esse ato ensandecido, ele começa a usar o pobre rapaz como cobaia para criar uma pele perfeita, resistente ao fogo e à dor, misturando DNA humano com suíno. A pele que poderia ter salvado sua esposa.
Durante o filme, experimentei todos os tipos de sentimentos: enjoos, pena, revolta, satisfação, vontade de rir e chorar. A lição que levei é a vontade do rapaz de viver, o quanto ele trabalha seu interior, um templo onde ninguém pode tocar. Podem fazer tudo com você por fora, mas quem comanda sua cabeça é você. Tudo bem que não é bem assim na prática, porque imagine você sendo objeto de uma experiência que te troque de sexo? Ah, eu surtaria e viraria travesti na hora!

É um filme inquietante, que te faz sair do básico. Te coloca para pensar de forma mais profunda. A mim, fez pensar deliciosamente em uns carinhas, que bem que mereciam uma vaginoplastia para ficaram mais espertos.

Fernanda Pereira
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