Minha Familia e eu voltamos de Minas, e eu só não saí correndo atrás dele por que a mala era muito pesada, e minha mãe não quis carregar tudo sozinha para eu poder ir na frente. Na verdade ela ficou furiosa por eu ter sugerido isso. Ela não sabia que eu ia atrás do rapaz, eu tinha vergonha de falar. Eu deveria ter vergonha de contar isso para outras pessoas ainda hoje. Mas enfim...
No dia seguinte, voltei na casa dele e era mais ou menos uma 15h30. Cheguei, tomei café, conversei com a mãe dele e ela me disse que ele já tinha chego, só que tinha dado uma saída. Feliz da vida, que este seria o dia de matar a saudade, me auto convidei a esperar. Vi a sessão da tarde, a malhação, a novela das seis, o jornal, fiz escova no cabelo do irmão dele que tinha cabelo enrolado e não gostava, jantamos e nada do Rodrigo chegar.
Quando deu umas 21h começou a cair uma chuva torrencial, e eu, me levantei para ir embora, pois já estava tarde e se eu esperasse mais seria perigoso. A Dona Rute, mãe dele, se levantou e falou, mas você vai sair na chuva? No que eu respondi: Obrigada, ficarei essa noite aqui, realmente é muito perigoso sair assim. Sentei-me satisfeita, veria meu amor e ainda passaria a noite na casa dele.
Dona Rute, começou um discurso severo de que ela tinha engravidado com 17 anos, que era muito difícil ser mãe, que blábláblá, entendido?! Eu nem me atrevi a discutir, nem tive chance de dizer que não tínhamos nada, mas mesmo se eu falasse, ela não escutaria. E ela ainda completou com um: Você vai dormir no meu quarto, comigo!
Ah não!! Nem na sala poderia? Vou ter que dormir na cama da mãe do meu namorado? Será que ele não poderia dormir com ela e eu dormia no quarto dele? Não, era inegociável.
Uma hora da manhã, eu deitada na cama da mãe dele, com o pijama dela, sem me mexer. Ouvi o barulho da porta abrindo. Era ele! Iupiiii!!! Ele abriu a porta, acendeu a luz e me viu. Eu toda feliz, dizendo oi e o menino com uma cara de pavor, me olhando deitada na cama de sua mãe, perguntando o que eu estava fazendo lá. Expliquei, contei tudo, e ele meio confuso me abraçou, me pediu desculpas e a mãe dele já separou e mandou a gente ir dormir.
Na manhã seguinte, fui com ele até sua escola, ele me pediu dinheiro para comprar um lanche e eu dei. Me pediu dinheiro para pagar o ônibus e eu também dei. Não via mal em nada do que ele fazia.
Minhas amigas me falavam que eu não estava muito certa, que ele era um gigolô, que nem se importava, mas eu não as escutava. Estávamos namorando, pelo ao menos eu achava.
Uns dias depois, fui à casa dele novamente. Cheguei de manhã, e ele ainda estava dormindo. Acordei-o e ele estava meio cansado. Nem olhou na minha cara. Sentou na frente da televisão e ficou vendo desenho. Fiquei furiosa. Ele nunca ia atrás de mim, ficava só me pedindo dinheiro como se eu fosse a caridade e ainda nem falava comigo? Que absurdo!
Me levantei com todo meu orgulho e falei que ia embora, e ele falou:
-Beleza.
-Mas você não vai me levar nem até o portão?
-Ah. Espera acabar o Pokèmon.
Quando ouvi aquilo, achei que meus ouvidos me enganavam. POKÈMON? Estou sendo trocada pelo POKÈMON? Maldito! Depois de tudo o que eu fiz!
Fui decida em direção à porta, olhando com o canto dos olhos para ver se ele viria atrás. Desci as escadas, fui pelo corredor, reduzi o passo para ele me alcançar, dei uma paradinha na frente do portão, e nada. Com o coração apertado, lágrimas nos olhos, parti decidida a nunca mais vê-lo, recuperar minha dignidade que deixei no chão, encontrar um novo amor e nunca mais passar por isso novamente. Pelo ao menos foi isso o que pensei...