Eis o melhor e o pior de mim. O meu termomêtro, o meu quilate.

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quarta-feira, agosto 17, 2011


Expulsos da Casa de Praia - Final - Perdendo o Amor

Minha Familia e eu voltamos de Minas, e eu só não saí correndo atrás dele por que a mala era muito pesada, e minha mãe não quis carregar tudo sozinha para eu poder ir na frente. Na verdade ela ficou furiosa por eu ter sugerido isso. Ela não sabia que eu ia atrás do rapaz, eu tinha vergonha de falar. Eu deveria ter vergonha de contar isso para outras pessoas ainda hoje. Mas enfim...
No dia seguinte, voltei na casa dele e era mais ou menos uma 15h30. Cheguei, tomei café, conversei com a mãe dele e ela me disse que ele já tinha chego, só que tinha dado uma saída. Feliz da vida, que este seria o dia de matar a saudade, me auto convidei a esperar. Vi a sessão da tarde, a malhação, a novela das seis, o jornal, fiz escova no cabelo do irmão dele que tinha cabelo enrolado e não gostava, jantamos e nada do Rodrigo chegar.
Quando deu umas 21h começou a cair uma chuva torrencial, e eu, me levantei para ir embora, pois já estava tarde e se eu esperasse mais seria perigoso. A Dona Rute, mãe dele, se levantou e falou, mas você vai sair na chuva? No que eu respondi: Obrigada, ficarei essa noite aqui, realmente é muito perigoso sair assim. Sentei-me satisfeita, veria meu amor e ainda passaria a noite na casa dele.
Dona Rute, começou um discurso severo de que ela tinha engravidado com 17 anos, que era muito difícil ser mãe, que blábláblá, entendido?! Eu nem me atrevi a discutir, nem tive chance de dizer que não tínhamos nada, mas mesmo se eu falasse, ela não escutaria. E ela ainda completou com um: Você vai dormir no meu quarto, comigo!
Ah não!! Nem na sala poderia? Vou ter que dormir na cama da mãe do meu namorado? Será que ele não poderia dormir com ela e eu dormia no quarto dele? Não, era inegociável.
Uma hora da manhã, eu deitada na cama da mãe dele, com o pijama dela, sem me mexer. Ouvi o barulho da porta abrindo. Era ele! Iupiiii!!! Ele abriu a porta, acendeu a luz e me viu. Eu toda feliz, dizendo oi e o menino com uma cara de pavor, me olhando deitada na cama de sua mãe, perguntando o que eu estava fazendo lá. Expliquei, contei tudo, e ele meio confuso me abraçou, me pediu desculpas e a mãe dele já separou e mandou a gente ir dormir.
Na manhã seguinte, fui com ele até sua escola, ele me pediu dinheiro para comprar um lanche e eu dei. Me pediu dinheiro para pagar o ônibus e eu também dei. Não via mal em nada do que ele fazia.
Minhas amigas me falavam que eu não estava muito certa, que ele era um gigolô, que nem se importava, mas eu não as escutava. Estávamos namorando, pelo ao menos eu achava.
Uns dias depois, fui à casa dele novamente. Cheguei de manhã, e ele ainda estava dormindo. Acordei-o e ele estava meio cansado. Nem olhou na minha cara. Sentou na frente da televisão e ficou vendo desenho. Fiquei furiosa. Ele nunca ia atrás de mim, ficava só me pedindo dinheiro como se eu fosse a caridade e ainda nem falava comigo? Que absurdo!
Me levantei com todo meu orgulho e falei que ia embora, e ele falou:  
-Beleza.
-Mas você não vai me levar nem até o portão?
-Ah. Espera acabar o Pokèmon.
Quando ouvi aquilo, achei que meus ouvidos me enganavam. POKÈMON? Estou sendo trocada pelo POKÈMON? Maldito! Depois de tudo o que eu fiz!
Fui decida em direção à porta, olhando com o canto dos olhos para ver se ele viria atrás. Desci as escadas, fui pelo corredor, reduzi o passo para ele me alcançar, dei uma paradinha na frente do portão, e nada. Com o coração apertado, lágrimas nos olhos, parti decidida a nunca mais vê-lo, recuperar minha dignidade que deixei no chão, encontrar um novo amor e nunca mais passar por isso novamente. Pelo ao menos foi isso o que pensei...


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Expulsos da Casa de Praia - Parte II - Procurando o Amor

Dia 06 de Fevereiro às 10h 30 da manhã eu já estava no colégio que combinamos, para não correr o risco de me atrasar. Deus sabe a ansiedade que eu fiquei para reencontrar esse rapaz. Levei as fotos que tirei, levei o filme das fotos caso ele quisesse revelar, levei uns bombons e todo o meu amor.
11h00 da manhã: ainda era cedo pra ficar mais ansiosa, eu que tinha me adiantado demais. Não podia cobrar que ele estivesse lá tão cedo, né?
11h30 da manhã: Poxa, bem que ele podia estar entusiasmado como eu e chegar um pouco mais cedo.
12h: Tudo bem, ninguém é obrigado a chegar exatamente na hora.
12h30: Imprevistos acontecem. Não é porque o bairro que ele mora fica atrás da escola que ele não pode se atrasar.
13h: Todo mundo se atrasa 1 hora, é natural. É chique.
14h: Bom, agora ele está bem atrasado, minhas pernas batem com tanta força no banco que creio ter ficado com hematomas. Mas ele deve estar chegando, se eu for embora, nós nos desencontraremos.
15h30: Filho de uma P@$#¨%! Ele não vem! Mas e se ele aparecer? Não seja estúpida, ele não vai aparecer!
Meu Deus que ódio que me deu! Mas como eu estava tão apaixonada, rapidamente eu o perdoei e comecei a arrumar uma desculpa para ele não ter ido. Podia ter acontecido um milhão de coisas. A mãe dele podia ter passado mal, o irmão, a avó, ou o cachorro, caso ele tivesse um.
Levantei com a dignidade que me restava, peguei minha sacolinha e... fui procurar a casa do menino. Gente, francamente, quem tem boca vai a Roma. E depois, eu tinha uma foto dele, tudo o que você precisa para encontrar uma pessoa que mora num bairro com sete ou oito mil moradores.

Um bairro enorme, não sabia nem por onde começar. Peguei a foto do menino e comecei a entrar nos bares e supermercados, padarias e açougues perguntando se alguém o conhecia. Olhares assustados e a resposta sempre a mesma: Não.
Como sou brasileira e não desisto nunca, não me deixei abater, continuei procurando com determinação. Algum tempo depois, eu já estava exausta e a ponto de desistir, quando vi uma moça descendo a rua. A moça era bonita, então pensei, já que ela era bonita poderia conhecê-lo.
Mostrei a foto e não é que ela o conhecia mesmo? Ela até sabia o nome dele de verdade, Rodrigo, sabia onde era a casa dele. Era amiga dele de infância. Então contei toda história pra ela e ela me levou até a casa dele.
Chegamos à casa dele e já fui me apresentando para sua, seu irmão, sua avó. Contei que o tinha conhecido na praia, que era sua namorada e que tínhamos combinado de nos encontrar, mas que por algum motivo ele não apareceu. A mãe dele, muito desconfiada, me disse que ele ainda estava na praia, que só voltaria na semana seguinte. Então eu tomei café da tarde com minha sogra e prometi voltar na semana seguinte.
Uma semana depois estava lá novamente. Nessa época, telefone ainda era artigo de luxo, portanto, a única maneira de saber de uma pessoa ou era através de carta, ou indo à casa dela mesmo. Cheguei na hora do almoço, já aproveitei e almocei e o menino nada de voltar da praia.
Minha família ia viajar pra Minas para casa da minha Avó, e eu não ia poder esperar o Rodrigo voltar da praia. Escrevi uma carta enorme, explicando que eu tinha encontrado sua casa, que tinha ficado amiga de sua mãe e que era muito penoso eu ter que viajar, mas que eu precisava ir, que quando eu voltasse eu iria voltar à sua casa para nos reencontrarmos e matar toda saudade que estávamos sentindo um pelo outro.
Fui para Minas e foram os dias mais longos da minha vida. Nunca pensei que poderia sentir tanto a falta de alguém. Tudo o que eu pensava era ele. Ele era o homem da minha vida. Minha vida só teria cor se eu estivesse com ele, caso contrário, tudo era cinza. Shakira se tornou minha cantora preferida. E a música meu hino para o Rodrigo.
Continua...
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Não sei quem sou, que alma tenho. - Fernando Pessoa

"Não sei quem sou, que alma tenho.
Quando falo com sinceridade não sei com que sinceridade falo.
Sou variamente outro do que um eu que não sei se existe (se é esses outros)...
Sinto crenças que não tenho.
Enlevam-me ânsias que repudio.
A minha perpétua atenção sobre mim perpetuamente me ponta
traições de alma a um carácter que talvez eu não tenha,
nem ela julga que eu tenho.
Sinto-me múltiplo.
Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos
que torcem para reflexões falsas
uma única anterior realidade que não está em nenhuma e está em todas.
Como o panteísta se sente árvore e até a flor,
eu sinto-me vários seres.
Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente,
como se o meu ser participasse de todos os homens,
incompletamente de cada,
por uma suma de não-eus sintetizados num eu postiço."

Fernando Pessoa



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segunda-feira, agosto 08, 2011


Filme - Bastardos Inglórios - Quentin Tarantino





Bastardos Inglórios conta duas histórias, nos primeiros anos da ocupação alemã na França, que se cruzam em algum momento. Shosanna Dreyfus testemunha a execução da sua família pelas mãos do coronel nazista Hans Landa. Shosanna consegue escapar e foge para Paris, onde muda de nome e assume a identidade de uma dona de um pequeno cinema. Em outro lugar da Europa, o tenente Aldo Raine orgazina um grupo de soldados judeus americanos para colocar em prática uma vingança. Conhecido pelos alemães como os “Os Bastardos”, o grupo de Raine junta-se à atriz alemã e agente secreta Bridget Von Hammersmark em uma missão para eliminar os líderes do Terceiro Reich. E o destino junta todos no mesmo cinema, onde Shosanna tramou um plano de vingança próprio, que é permitir acontecer a estréia de um filme nazista em seu cinema, e com a ajuda de um judeu colocar fogo com todos dentro, matando inclusive, Adolf Hitler.



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sábado, agosto 06, 2011


*As estrelas do mercado*

Trabalho no comércio há alguns anos. 15 anos para ser mais exata. E desde o começo sempre tive treinamentos de venda, liderança, de como cativar o cliente, de como fidelizar o cliente. O cliente sempre foi a base do comércio. Tudo está voltado para ele, para sua satisfação.
As empresas investem em pesquisas de mercado, pesquisas para saber o que o concorrente oferece, preço, prazos, atendimento, souvenirs, bebida, luz, música, cheiro para o ambiente. Tem convênios com estacionamentos, entrega em domicílio, venda em domicilio, ou seja, uma infinidade de coisas para atraí-lo, conquistá-lo e fidelizá-lo.
Conversando com um rapaz que faz mestrado em Adm na USP, ele  me explicava sobre as estrelas do mercado, baseado num estudo feito por um Doutor influente em Adm, que diz que a primeira estrela era o cliente. Esse estudo seguia falando sobre as estrelas, cinco no total, as quais nenhuma era o vendedor.  Senti uma leve indiganação.
Referente a estudos e teorias não tenho muito embasamento, mas baseado em experiência de trabalho, que como dizia uma gerente com qual trabalhei: “Fernanda, você já trabalhou em todas as lojas de A a Z”, e baseado em minha experiência de consumidora, posso afirmar com plena convicção que, se o vendedor não é a primeira estrela, ele é a segunda. Não devia estar fora da lista das cinco estrelas.
Já fui a muitos treinamentos para vender, fidelizar, achar o desejo do cliente. Vejo na televisão o quanto as empresas investem em propagandas em horário nobre, em embalagens, em fitas, brilhos, descontos imperdíveis, preços imbatíveis. Páginas inteiras em revistas influentes, produtos inovadores e diferenciados. Sabores e texturas como nunca provados. Muitas contratam profissionais especialistas em marketing e afins. Mas, não fazem uma coisa simples: Motivar seus vendedores e tratarem com todo o mérito que eles merecem.
Mas não digo motivar no sentido de fazer gincanas do tipo “Passa a grana”, ou “Quem vender mais ganha...”. Digo no sentido de investir no profissional: Planos de carreira, treinamentos, graduação, uniformes adequados, horas de trabalho justas, salários dignos e reconhecimento.
Quer um exemplo bobo? Quantas vezes você já viu na televisão a propaganda de um telefone por exemplo. Design inovador, minutos de graça, foto, torpedo, internet e etc. E quando você chegou na loja entusiasmado para fazer o negócio, o vendedor olhou para sua cara como se te atender fosse a pior coisa da vida, ou como se você tivesse atrapalhando os pensamentos dele? Ou você vai tomar um café e a balconista só falta mandar você ir tomar o café no vizinho de tão feio que ela te olha? Se tivesse raio laser em seus olhos, você seria tostado naquele momento. Você pede um lanche e vem frio, você olha para cara do atendente e fica com medo de reclamar para não receber um cabelinho no lanche da troca. Ou você liga num Call Center para resolver qualquer um problema e no momento que você está mais furioso a pessoa do outro lado da linha derruba a ligação?
Estou exagerando? Claro que tem muitíssimos bons profissionais, que prestam um atendimento excelente, que sana suas dúvidas, que te acolhe, que se preocupa com você. Mas isso poderia ser muito melhor.
Não adianta investir em tudo cintilante para vender seu produto, se aquele que está em contato direto com o cliente, está desmotivado, sem reconhecimento, mal remunerado. As empresas podem fazer o que quiserem, mas se não dão o devido reconhecimento aos seus atendentes, estão dando um tiro no próprio pé.
A marca que se preocupa com seus clientes, deve se preocupar muito com seus vendedores e atendentes, pois eles são a imagem da sua empresa. O brilho nos seus olhos serão capaz de convencer muito mais do que qualquer técnica de marketing ou estratégia imbatível de venda. Já tive muitos treinamentos, muitos tão insossos que se eu fosse segui-los não venderia um real. O que sempre me fez vender e ver meus clientes voltarem foi a paixão que eu coloquei no que eu estava fazendo, e todas as vezes que não tive reconhecimento, e olha que sou uma pessoa naturalmente motivada, essa paixão se desvanecia.
O ser humano mais centrado, mais capacitado, pode ter todo seu brilho ofuscado se não for reconhecido. Não estou dizendo isso baseado em estudos, teorias. Estou dizendo baseado em experiência de vida, e de ver muitas empresas maravilhosas, com produtos incríveis, não sairem do lugar por que seus vendedores e atendentes não tinham o reconhecimento merecido. Isso é uma grande pena.

Nanda Pereira


           
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