Eis o melhor e o pior de mim. O meu termomêtro, o meu quilate.

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domingo, dezembro 25, 2011


Poesia - Fernando Pessoa


Quero tudo novo de novo. Quero não sentir medo. Quero me entregar mais, me jogar mais, amar mais.
Viajar até cansar. Quero sair pelo mundo. Quero fins de semana de praia. Aproveitar os amigos e abraçá-los mais. Quero ver mais filmes e comer mais pipoca, ler mais. Sair mais. Quero um trabalho novo. Quero não me atrasar tanto, nem me preocupar tanto. Quero morar sozinha, quero ter momentos de paz. Quero dançar mais. Comer mais brigadeiro de panela, acordar mais cedo e economizar mais. Sorrir mais, chorar menos e ajudar mais. Pensar mais e pensar menos. Andar mais de bicicleta. Ir mais vezes ao parque. Quero ser feliz, quero sossego, quero outra tatuagem. Quero me olhar mais. Cortar mais os cabelos. Tomar mais sol e mais banho de chuva. Preciso me concentrar mais, delirar mais.
Não quero esperar mais, quero fazer mais, suar mais, cantar mais e mais. Quero conhecer mais pessoas. Quero olhar para frente e só o necessário para trás. Quero olhar nos olhos do que fez sofrer e sorrir e abraçar, sem mágoa. Quero pedir menos desculpas, sentir menos culpa. Quero mais chão, pouco vão e mais bolinhas de sabão. Quero aceitar menos, indagar mais, ousar mais. Experimentar mais. Quero menos “mas”. Quero não sentir tanta saudade. Quero mais e tudo o mais.
“E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha".

Fernando Pessoa

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quinta-feira, novembro 10, 2011


A turma do Dããã - Martha Medeiros


Tenho observado esse pessoal faz um tempo. Eles me provocam reações diversas: sinto repulsa, sinto medo, sinto desânimo, mas acho que a sensação que prevalece é mesmo a compaixão. Porque eles são tão recalcados, que não conseguem se manifestar no mundo de outra forma. A única coisa que possuem para exibir é isso: seu espírito de porco.

Não é um defeito novo, mas ganhou um espaço de divulgação inimaginável na internet. Se antes eles exerciam seu espírito de porco em pequenos grupos, em comentários ferinos para meia dúzia de ouvidos, agora eles abusam da sua tolice em rede internacional para um público tão amplo, que os deixa embriagados com o alcance atingido. Eles são os neorretardados, os pusilâmines de grande escala.

Se você é uma pessoa de discernimento, que seleciona a informação que obtém, talvez ainda não tenha se deparado com eles. Sorte sua. Mas se tiver curiosidade de saber como a coisa funciona, entre em qualquer site de notícias de um provedor, como a página do Terra, por exemplo, e dê uma olhada nos comentários deixados. É de perder a esperança num mundo mais elegante.

Pra exemplificar, nas últimas semanas o site colocou no ar duas notícias de segunda linha, que não chegaram a repercutir mais do que poucas horas. Uma delas era sobre uma garota de 18 anos que se jogou da Torre Eiffel, em Paris. Chegaram a dizer que seria uma brasileira, mas era uma africana. Em poucos minutos, essa notícia gerou 1.581 comentários de gente lesada das ideias, cujo único prazer é fazer piadinha sobre a dor alheia, sem conseguir articular um raciocínio lógico. Pessoas que têm na agressividade sua única forma de expressão. Foram 1.581 comentários que deixam clara a quantidade de infelizes espalhados por todos os cantos. Porque o espírito de porco nada mais é do que uma exposição despudorada de infelicidade. Como o cara não se suporta, detona com tudo o que vê pela frente.

No mesmo dia desse suicídio, foi noticiada também a estreia da primeira gondoleira de Veneza. Depois de séculos de hegemonia masculina, agora há uma mulher conduzindo turistas nas gôndolas da mais deslumbrante cidade italiana. Fato que não mobiliza o mundo como a morte de Michael Jackson, mas é uma informação curiosa e simpática, que poderia gerar saudações a mais este espaço conquistado pelas mulheres, ou ser simplesmente ignorada, o que também é legítimo. Mas não. Os espíritos de porco, sem ter nada mais produtivo pra fazer, deixaram registradas suas manifestações de preconceito, numa exibição constrangedora de estreiteza mental. Porque o espírito de porco não é apenas uma pessoa com o humor mal-lapidado. Ele é um ignorante com empáfia.

Se fossem poucos, nada a temer. Mas a tacanhice é uma epidemia bem mais assustadora do que qualquer gripe. Porque não é temporária e tampouco tem cura. É o retrato do isolamento e da deseducação de uma geração recém saída das fraldas que, ao ter um teclado à disposição e o anonimato garantido, expõe toda sua miséria intelectual e afetiva. É a turma do “dããã” ganhando voz e propagando a mediocridade universal. 

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quarta-feira, agosto 17, 2011


Expulsos da Casa de Praia - Final - Perdendo o Amor

Minha Familia e eu voltamos de Minas, e eu só não saí correndo atrás dele por que a mala era muito pesada, e minha mãe não quis carregar tudo sozinha para eu poder ir na frente. Na verdade ela ficou furiosa por eu ter sugerido isso. Ela não sabia que eu ia atrás do rapaz, eu tinha vergonha de falar. Eu deveria ter vergonha de contar isso para outras pessoas ainda hoje. Mas enfim...
No dia seguinte, voltei na casa dele e era mais ou menos uma 15h30. Cheguei, tomei café, conversei com a mãe dele e ela me disse que ele já tinha chego, só que tinha dado uma saída. Feliz da vida, que este seria o dia de matar a saudade, me auto convidei a esperar. Vi a sessão da tarde, a malhação, a novela das seis, o jornal, fiz escova no cabelo do irmão dele que tinha cabelo enrolado e não gostava, jantamos e nada do Rodrigo chegar.
Quando deu umas 21h começou a cair uma chuva torrencial, e eu, me levantei para ir embora, pois já estava tarde e se eu esperasse mais seria perigoso. A Dona Rute, mãe dele, se levantou e falou, mas você vai sair na chuva? No que eu respondi: Obrigada, ficarei essa noite aqui, realmente é muito perigoso sair assim. Sentei-me satisfeita, veria meu amor e ainda passaria a noite na casa dele.
Dona Rute, começou um discurso severo de que ela tinha engravidado com 17 anos, que era muito difícil ser mãe, que blábláblá, entendido?! Eu nem me atrevi a discutir, nem tive chance de dizer que não tínhamos nada, mas mesmo se eu falasse, ela não escutaria. E ela ainda completou com um: Você vai dormir no meu quarto, comigo!
Ah não!! Nem na sala poderia? Vou ter que dormir na cama da mãe do meu namorado? Será que ele não poderia dormir com ela e eu dormia no quarto dele? Não, era inegociável.
Uma hora da manhã, eu deitada na cama da mãe dele, com o pijama dela, sem me mexer. Ouvi o barulho da porta abrindo. Era ele! Iupiiii!!! Ele abriu a porta, acendeu a luz e me viu. Eu toda feliz, dizendo oi e o menino com uma cara de pavor, me olhando deitada na cama de sua mãe, perguntando o que eu estava fazendo lá. Expliquei, contei tudo, e ele meio confuso me abraçou, me pediu desculpas e a mãe dele já separou e mandou a gente ir dormir.
Na manhã seguinte, fui com ele até sua escola, ele me pediu dinheiro para comprar um lanche e eu dei. Me pediu dinheiro para pagar o ônibus e eu também dei. Não via mal em nada do que ele fazia.
Minhas amigas me falavam que eu não estava muito certa, que ele era um gigolô, que nem se importava, mas eu não as escutava. Estávamos namorando, pelo ao menos eu achava.
Uns dias depois, fui à casa dele novamente. Cheguei de manhã, e ele ainda estava dormindo. Acordei-o e ele estava meio cansado. Nem olhou na minha cara. Sentou na frente da televisão e ficou vendo desenho. Fiquei furiosa. Ele nunca ia atrás de mim, ficava só me pedindo dinheiro como se eu fosse a caridade e ainda nem falava comigo? Que absurdo!
Me levantei com todo meu orgulho e falei que ia embora, e ele falou:  
-Beleza.
-Mas você não vai me levar nem até o portão?
-Ah. Espera acabar o Pokèmon.
Quando ouvi aquilo, achei que meus ouvidos me enganavam. POKÈMON? Estou sendo trocada pelo POKÈMON? Maldito! Depois de tudo o que eu fiz!
Fui decida em direção à porta, olhando com o canto dos olhos para ver se ele viria atrás. Desci as escadas, fui pelo corredor, reduzi o passo para ele me alcançar, dei uma paradinha na frente do portão, e nada. Com o coração apertado, lágrimas nos olhos, parti decidida a nunca mais vê-lo, recuperar minha dignidade que deixei no chão, encontrar um novo amor e nunca mais passar por isso novamente. Pelo ao menos foi isso o que pensei...


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Expulsos da Casa de Praia - Parte II - Procurando o Amor

Dia 06 de Fevereiro às 10h 30 da manhã eu já estava no colégio que combinamos, para não correr o risco de me atrasar. Deus sabe a ansiedade que eu fiquei para reencontrar esse rapaz. Levei as fotos que tirei, levei o filme das fotos caso ele quisesse revelar, levei uns bombons e todo o meu amor.
11h00 da manhã: ainda era cedo pra ficar mais ansiosa, eu que tinha me adiantado demais. Não podia cobrar que ele estivesse lá tão cedo, né?
11h30 da manhã: Poxa, bem que ele podia estar entusiasmado como eu e chegar um pouco mais cedo.
12h: Tudo bem, ninguém é obrigado a chegar exatamente na hora.
12h30: Imprevistos acontecem. Não é porque o bairro que ele mora fica atrás da escola que ele não pode se atrasar.
13h: Todo mundo se atrasa 1 hora, é natural. É chique.
14h: Bom, agora ele está bem atrasado, minhas pernas batem com tanta força no banco que creio ter ficado com hematomas. Mas ele deve estar chegando, se eu for embora, nós nos desencontraremos.
15h30: Filho de uma P@$#¨%! Ele não vem! Mas e se ele aparecer? Não seja estúpida, ele não vai aparecer!
Meu Deus que ódio que me deu! Mas como eu estava tão apaixonada, rapidamente eu o perdoei e comecei a arrumar uma desculpa para ele não ter ido. Podia ter acontecido um milhão de coisas. A mãe dele podia ter passado mal, o irmão, a avó, ou o cachorro, caso ele tivesse um.
Levantei com a dignidade que me restava, peguei minha sacolinha e... fui procurar a casa do menino. Gente, francamente, quem tem boca vai a Roma. E depois, eu tinha uma foto dele, tudo o que você precisa para encontrar uma pessoa que mora num bairro com sete ou oito mil moradores.

Um bairro enorme, não sabia nem por onde começar. Peguei a foto do menino e comecei a entrar nos bares e supermercados, padarias e açougues perguntando se alguém o conhecia. Olhares assustados e a resposta sempre a mesma: Não.
Como sou brasileira e não desisto nunca, não me deixei abater, continuei procurando com determinação. Algum tempo depois, eu já estava exausta e a ponto de desistir, quando vi uma moça descendo a rua. A moça era bonita, então pensei, já que ela era bonita poderia conhecê-lo.
Mostrei a foto e não é que ela o conhecia mesmo? Ela até sabia o nome dele de verdade, Rodrigo, sabia onde era a casa dele. Era amiga dele de infância. Então contei toda história pra ela e ela me levou até a casa dele.
Chegamos à casa dele e já fui me apresentando para sua, seu irmão, sua avó. Contei que o tinha conhecido na praia, que era sua namorada e que tínhamos combinado de nos encontrar, mas que por algum motivo ele não apareceu. A mãe dele, muito desconfiada, me disse que ele ainda estava na praia, que só voltaria na semana seguinte. Então eu tomei café da tarde com minha sogra e prometi voltar na semana seguinte.
Uma semana depois estava lá novamente. Nessa época, telefone ainda era artigo de luxo, portanto, a única maneira de saber de uma pessoa ou era através de carta, ou indo à casa dela mesmo. Cheguei na hora do almoço, já aproveitei e almocei e o menino nada de voltar da praia.
Minha família ia viajar pra Minas para casa da minha Avó, e eu não ia poder esperar o Rodrigo voltar da praia. Escrevi uma carta enorme, explicando que eu tinha encontrado sua casa, que tinha ficado amiga de sua mãe e que era muito penoso eu ter que viajar, mas que eu precisava ir, que quando eu voltasse eu iria voltar à sua casa para nos reencontrarmos e matar toda saudade que estávamos sentindo um pelo outro.
Fui para Minas e foram os dias mais longos da minha vida. Nunca pensei que poderia sentir tanto a falta de alguém. Tudo o que eu pensava era ele. Ele era o homem da minha vida. Minha vida só teria cor se eu estivesse com ele, caso contrário, tudo era cinza. Shakira se tornou minha cantora preferida. E a música meu hino para o Rodrigo.
Continua...
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Não sei quem sou, que alma tenho. - Fernando Pessoa

"Não sei quem sou, que alma tenho.
Quando falo com sinceridade não sei com que sinceridade falo.
Sou variamente outro do que um eu que não sei se existe (se é esses outros)...
Sinto crenças que não tenho.
Enlevam-me ânsias que repudio.
A minha perpétua atenção sobre mim perpetuamente me ponta
traições de alma a um carácter que talvez eu não tenha,
nem ela julga que eu tenho.
Sinto-me múltiplo.
Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos
que torcem para reflexões falsas
uma única anterior realidade que não está em nenhuma e está em todas.
Como o panteísta se sente árvore e até a flor,
eu sinto-me vários seres.
Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente,
como se o meu ser participasse de todos os homens,
incompletamente de cada,
por uma suma de não-eus sintetizados num eu postiço."

Fernando Pessoa



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segunda-feira, agosto 08, 2011


Filme - Bastardos Inglórios - Quentin Tarantino





Bastardos Inglórios conta duas histórias, nos primeiros anos da ocupação alemã na França, que se cruzam em algum momento. Shosanna Dreyfus testemunha a execução da sua família pelas mãos do coronel nazista Hans Landa. Shosanna consegue escapar e foge para Paris, onde muda de nome e assume a identidade de uma dona de um pequeno cinema. Em outro lugar da Europa, o tenente Aldo Raine orgazina um grupo de soldados judeus americanos para colocar em prática uma vingança. Conhecido pelos alemães como os “Os Bastardos”, o grupo de Raine junta-se à atriz alemã e agente secreta Bridget Von Hammersmark em uma missão para eliminar os líderes do Terceiro Reich. E o destino junta todos no mesmo cinema, onde Shosanna tramou um plano de vingança próprio, que é permitir acontecer a estréia de um filme nazista em seu cinema, e com a ajuda de um judeu colocar fogo com todos dentro, matando inclusive, Adolf Hitler.



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sábado, agosto 06, 2011


*As estrelas do mercado*

Trabalho no comércio há alguns anos. 15 anos para ser mais exata. E desde o começo sempre tive treinamentos de venda, liderança, de como cativar o cliente, de como fidelizar o cliente. O cliente sempre foi a base do comércio. Tudo está voltado para ele, para sua satisfação.
As empresas investem em pesquisas de mercado, pesquisas para saber o que o concorrente oferece, preço, prazos, atendimento, souvenirs, bebida, luz, música, cheiro para o ambiente. Tem convênios com estacionamentos, entrega em domicílio, venda em domicilio, ou seja, uma infinidade de coisas para atraí-lo, conquistá-lo e fidelizá-lo.
Conversando com um rapaz que faz mestrado em Adm na USP, ele  me explicava sobre as estrelas do mercado, baseado num estudo feito por um Doutor influente em Adm, que diz que a primeira estrela era o cliente. Esse estudo seguia falando sobre as estrelas, cinco no total, as quais nenhuma era o vendedor.  Senti uma leve indiganação.
Referente a estudos e teorias não tenho muito embasamento, mas baseado em experiência de trabalho, que como dizia uma gerente com qual trabalhei: “Fernanda, você já trabalhou em todas as lojas de A a Z”, e baseado em minha experiência de consumidora, posso afirmar com plena convicção que, se o vendedor não é a primeira estrela, ele é a segunda. Não devia estar fora da lista das cinco estrelas.
Já fui a muitos treinamentos para vender, fidelizar, achar o desejo do cliente. Vejo na televisão o quanto as empresas investem em propagandas em horário nobre, em embalagens, em fitas, brilhos, descontos imperdíveis, preços imbatíveis. Páginas inteiras em revistas influentes, produtos inovadores e diferenciados. Sabores e texturas como nunca provados. Muitas contratam profissionais especialistas em marketing e afins. Mas, não fazem uma coisa simples: Motivar seus vendedores e tratarem com todo o mérito que eles merecem.
Mas não digo motivar no sentido de fazer gincanas do tipo “Passa a grana”, ou “Quem vender mais ganha...”. Digo no sentido de investir no profissional: Planos de carreira, treinamentos, graduação, uniformes adequados, horas de trabalho justas, salários dignos e reconhecimento.
Quer um exemplo bobo? Quantas vezes você já viu na televisão a propaganda de um telefone por exemplo. Design inovador, minutos de graça, foto, torpedo, internet e etc. E quando você chegou na loja entusiasmado para fazer o negócio, o vendedor olhou para sua cara como se te atender fosse a pior coisa da vida, ou como se você tivesse atrapalhando os pensamentos dele? Ou você vai tomar um café e a balconista só falta mandar você ir tomar o café no vizinho de tão feio que ela te olha? Se tivesse raio laser em seus olhos, você seria tostado naquele momento. Você pede um lanche e vem frio, você olha para cara do atendente e fica com medo de reclamar para não receber um cabelinho no lanche da troca. Ou você liga num Call Center para resolver qualquer um problema e no momento que você está mais furioso a pessoa do outro lado da linha derruba a ligação?
Estou exagerando? Claro que tem muitíssimos bons profissionais, que prestam um atendimento excelente, que sana suas dúvidas, que te acolhe, que se preocupa com você. Mas isso poderia ser muito melhor.
Não adianta investir em tudo cintilante para vender seu produto, se aquele que está em contato direto com o cliente, está desmotivado, sem reconhecimento, mal remunerado. As empresas podem fazer o que quiserem, mas se não dão o devido reconhecimento aos seus atendentes, estão dando um tiro no próprio pé.
A marca que se preocupa com seus clientes, deve se preocupar muito com seus vendedores e atendentes, pois eles são a imagem da sua empresa. O brilho nos seus olhos serão capaz de convencer muito mais do que qualquer técnica de marketing ou estratégia imbatível de venda. Já tive muitos treinamentos, muitos tão insossos que se eu fosse segui-los não venderia um real. O que sempre me fez vender e ver meus clientes voltarem foi a paixão que eu coloquei no que eu estava fazendo, e todas as vezes que não tive reconhecimento, e olha que sou uma pessoa naturalmente motivada, essa paixão se desvanecia.
O ser humano mais centrado, mais capacitado, pode ter todo seu brilho ofuscado se não for reconhecido. Não estou dizendo isso baseado em estudos, teorias. Estou dizendo baseado em experiência de vida, e de ver muitas empresas maravilhosas, com produtos incríveis, não sairem do lugar por que seus vendedores e atendentes não tinham o reconhecimento merecido. Isso é uma grande pena.

Nanda Pereira


           
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terça-feira, julho 19, 2011


Expulsos da Casa de Praia - Parte I - Encontrando o Amor

Ano novo de alguns anos atrás, eu ainda era adolescente (só pra não ficar feio, uma adulta passando por isso), minha amiga Maria e eu tínhamos combinado de juntar dinheiro pra ir acampar na Prainha Branca.
Trabalhamos horrores e juntamos nosso rico dinheirinho e com quase tudo pronto pra descer pra praia, um amigo nosso veio falando que era bobagem a gente gastar uma grana pra acampar, que ele tinha um amigo que tinha casa na praia e que era só a gente pagar a passagem dele (olha o golpe) que a gente ficava na casa sem pagar nada. Isso realmente era um bom negócio, afinal economizaríamos bastante, e seria melhor ainda, porque já que ficaríamos numa casa, poderíamos chamar mais gente! 
Chamamos toda a galera, foi a Dani, o Alex, a Paty, as duas irmãs da Paty, que a gente chamava de formigas  porque eram muito magrinhas, o Ricardo, o Anderson ( que era o dono da casa), o Sujeira e o Corneto. 11 pessoas no total.
Todo mundo feliz, descendo a serra com a lotação alugada. Um transito lascado e uma hora, bem na hora que tinha um carro parado do nosso lado com vários gatinhos, a Paty e a Maria, ajudadas por Daniela puxaram minha calcinha (tipo ceroulas) até a cabeça, e todo mundo começou a me puxar pra fora pelo pé enquanto eu me debatia desesperadamente. Todos os gatinhos viram minha calçola enorme. Que vergonha! Quase não falei com mais ninguém até chegar lá.
 Muitas horas depois chegamos à casa de praia,  que na verdade era um apartamento bem pequeno, que cabia muito apertadamente duas pessoas. Mas como nós estávamos de bom humor, na alegria, nem nos importamos de ficarmos todos espremidos no chão. Afinal, era ano novo poxa!
Na emoção do momento, fomos para praia à noite. Uma tremenda folia, todo mundo à milanesa, se rolando na areia e se jogando na água gelada da noite. Depois de algum tempo, que estava todo mundo sujo e cansado, decidimos voltar para tomar banho e dormir.
Quando estávamos chegando perto do apartamento, notamos um burburinho e uma pequena roda de pessoas. Conforme nos aproximávamos, o barulho ia aumentando até se tornar uma gritaria. Sim, uma gritaria medonha e uma mulher de enorme lateralidade xingando todos e colocando nossas mochilas pra fora. Eu não tinha entendido,  mas aí ouvi direito e ela gritava que era um absurdo o Anderson levar  11 pessoas pra casa dela, que ela não ia pagar água e luz pra todo mundo, que era pra gente voltar para São Paulo... A mulher era tia do Anderson.
Minha Nossa Senhora Aparecida! Voltar pra casa de madrugada e à milanesa? A Paty, com toda sua retórica, usou sua arma mais infalível de convencimento: Desatou a chorar! E gritava: - Não moça! Nós não temos como ir embora! Por favor! É perigoso! PelamordeDeeeeus!!!!!
Eu, sempre fui muito delicada nessas situações, são cinco minutos para que eu perca minha paciência. Mas como eu não estava com muita razão, e perder a paciência só atrapalharia, segurei a raiva e falei com doçura: - A senhora tem toda razão, e peço desculpas por isso. Não ficaremos em sua casa. Mas quero pedir para que a senhora pelo ao menos nos deixe passar a noite, pois à essa hora não tem mais ônibus e estamos todos sujos. 
Diante de tanta educação a megera deixou-nos passar aquela noite. Mas só aquela noite e ponto final!
Ninguém naquele prédio dormiu naquela noite. Ficamos cantando e dançando a Família Abadá até amanhecer. E quando amanheceu, pegamos nossas bolsinhas, botamos nas costas, e fomos embora sem rumo.
Sol escaldante do meio dia, sem filtro solar, onze pessoas que foram expulsas da casa de praia estavam sentadas na areia fitando o horizonte sem esperanças. Então a Paty se levantou e falou: - Já que estamos aqui, vamos zuaaar! O que é um peido pra quem já tá cagado?
E foi isso que todo mundo fez. Passamos o dia todo brincando, nos divertindo. Uma farofa lascada. Até tomamos o boryboard de uma criança que desatou a chorar para brincar. Menino bobo, a gente ia devolver.
Quando deu umas quatro horas da tarde, minhas costas começaram a arder, e as da Dani também. Fomos procurar um chuveiro de água doce para tirar o sal, pois já estávamos quase parecendo carne seca. Imagine, as costas com queimadura nas três camadas dérmicas e a gente querendo tomar banho de água doce. Mas, como nada entendíamos de pele, fomos atrás do chuveiro. No caminho, um surfista passou e mexeu com a gente, e a Dani imediatamente perguntou se ele não tinha um chuveiro de água doce, no que ele respondeu com o jeito cantado de surfista: - Pôu, gaatas! Vocês estão sem casa?
Com um olhar de cortar o coração mais duro, respondemos que sim. E ele quis ajudar desinteressadamente, claro, as duas lindas moças assadas, pois era um bom samaritano e caseiro de uma casa e o dono só desceria no fim de semana.
Só tinha um porém, estávamos em 11, e ele disse que só dava para chamar mais uma. Como boas amigas que somos, nem sequer pestanejamos em chamar a Maria que é irmã da Dani e deixamos que os outros se virassem. Ninguém era egoísta, imagine! Mas sacanagem à parte, ao conseguirmos abrigo, todos se ajeitaram. A Paty sempre tinha mais grana que todo mundo e alugou uma kit com seu namorado, o Alex , e mandou suas irmãs de volta pra casa. O Anderson, o Corneto, o Sujeira e o Ricardo acabaram ficando na casa do Anderson  mesmo, e sua tia deixou porque eram poucas pessoas.
Chegamos na casa, eu com as costas fritas, fui deitar e acabei dormindo. Acordei com um rapaz me chamando para pedir cigarro. Na época eu fumava como uma caipora e como uma boa fumante, odiava dar cigarros. Naquele momento criei antipatia por aquele garoto, mas dei o cigarro e ele foi embora.
Depois de um tempo, sai pra conhecer o resto do pessoal da casa. Olhei para rede e o garoto do cigarro, cujo apelido era Banana, estava sentado. De repente, ele tirou o boné. Foi como uma câmera lenta. Caíram-lhe cascatas de longos cabelos loiros pelo seu tronco bronzeado. Fiquei sem ar. Que gato!
Mudei de postura na hora. Joguei o cabelo pra trás, levantei os ombros, o que me causou uma dor lancinante por esticar a pele esturricada, e comecei a fazer minha melhor cara de que  “não estou nem aí para você".  Algumas mulheres têm disso, é um tipo de psicologia reversa, se é correto eu não sei, só sei que deu certo e o menino ficou a fim de mim. E olha que eu estava com a pele cozida, com as faces em vermelho escarlate! Deve ser o meu charme de paulista cor de palmito, que nunca viu praia, e na primeira oportunidade que tem de ver o mar, já sai com o bronzeado para o resto da vida.
Fiquei com o rapaz e me senti como as paquitas num sonho de verão, nas nuvens de algodão, brincando de esconder, até amanhecer. Ele era absolutamente lindo. Vinha com sua prancha de surfe, com seu abdômen definido, sua pele queimada na medida, seus cabelos cintilantes. O cabelo dele era melhor que o meu.
Acabou que o menino me pediu em namoro. Uma semana na praia e eu havia conhecido o amor da minha vida. Aceitei o pedido sem pestanejar. Não importava que ele era meio tapado e que pegava o violão dos outros pra ficar tocando sons desconexos e estragava o luau. Não importava que ele falava algumas asneiras, nem que ele foi no self-service de hot-dog e encheu tanto o cachorro quente dele que a tiazinha teve que dizer: Ô fio, é servi servi, mas vamo respeitá! Nada importava, ele era lindo. Sua beleza sobressaia sua tonteirice.
Acabou que os dias se passaram e tivemos que voltar para casa. Foi muito triste a despedida. Mas tínhamos combinado de nos encontrar novamente, pois quem diria, ele morava na mesma cidade que eu e ainda tinha estudado no colégio que estudei quando criança. Era minha alma gêmea.
Combinamos de nos encontrar no dia 6 de fevereiro ao meio dia no colégio que estudamos e assim, com um beijo cálido, com lágrimas nos olhos nos despedimos com juras de amor eterno.

Continua...


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segunda-feira, julho 18, 2011


Flora Desequilibrada

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domingo, julho 17, 2011


Regulando suquinho de manga.

Pra quem trabalha em shopping, balada geralmente é o único evento social que dá pra se participar.
Minha amiga Valéria e eu tínhamos trabalhado horrores e estávamos desesperadas pra respirar um ar sufocante de balada (na época ainda não tinha a lei antifumo).
Tudo pronto, fomos pra baladinha, felizes e saltitantes.
Tudo muito bom, música bombando, vários gatinhos.
De repente ele veio. Um gato. Veio fazendo a dança do acasalamento e eu não resisti, fui totalmente seduzida pelo deus latino rebolante de cavanhaque.
Ficamos a balada inteira, no final ele pegou meu telefone e eu já tirei a novena do bolso e comecei a rezar pra ele me ligar.
Dia seguinte o cara me liga, marcamos de nos encontrar uma semana depois, e ele me chamou pra ir na casa dele. Como ele morava com os pais, não vi problema.
O cara tinha me contado que era modelo, que trabalhava como gerente de não sei o que, que ganhava horrores. Não tinha entendido porque ele estava contando tanta vantagem, mas como ele era lindo, na maioria das vezes eu nem escutava o que ele falava. Era quase sempre um blóblóbló blóbló e eu concordava sorrindo. Eu só sabia que ele era lindo e rico pelo o que ele me falava.
Quando chegou o dia de nos encontrarmos, eu já estava pronta duas horas antes do combinado. Cheguei onde ele morava e fomos caminhando até a casa dele.
No caminho, ele quis parar no mercado pra comprar fruta pra fazer suco. Eu o vi pegando só uma manga, achei tão estranho e perguntei se tinha muita gente na casa dele e ele disse que não. Ao chegar em sua casa, tinha umas trinta pessoas, entre eles seus avós, sobrinhos, sua mãe e sua irmã que estava grávida.
O sujeito me saca aquela manga, descasca e faz DOIS copos de suco. Fiquei morrendo de vergonha com o copo de suco na mão enquanto todo mundo me olhava com sede e a mulher grávida me olhava com piedade.
Com medo de ter um tersol por regular comida pra grávida dei meu suquinho pra mulher.
Olhei pro indivíduo e ele estava tranquilo tomando o suco, nem deu confiança. Me deu vontade de dar uma tapa na boca dele e enfiar aquele copo de suco por sua guela abaixo.
A verdade é que ele era um duro, só contava vantagens de si mesmo, se achava e ainda tratava mal a família... Dessa eu sai fora porque como diz a sabedoria popular se trata mal a mãe, também vai tratar mal a gente.


Juninho Suco no Portão da Esperença (Hermes e Renato)
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sábado, julho 16, 2011




‎"Cavaleiro de armadura brilhante não é uma
opção realista. Mas há uma parte minha que quer um romance gigantesco, espantoso. Quero paixão. Quero ser tirada do chão. Quero um terremoto ou... não sei, um redemoinho enorme... alguma coisa empolgante. Às vezes parece que tem uma vida nova e cheia de aventura me esperando ali adiante." Sophie Kinsella
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Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo.
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer:
- E daí? EU ADORO VOAR!

Clarice Lispector
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Um pouco de mim

Há alguns anos eu comecei a escrever um livro (o título é segredo, porque pode ser que um dia eu me anime e volte a escrevê-lo). Nesse livro eu contava minha história. Mas eu tive um pequeno problema de desatualidade de computador e eu acabei perdendo meu manuscrito. Depois disso fiquei com preguiça de escrever tudo de novo.
Embora eu pareça uma garota comum, eu não sou. Coisas muito estranhas acontecem comigo, coisas bizarras. Animada por um grande amigo, resolvi criar esse blog para partilhar um pouco dessas bizarrices, ou simplesmente pérolas. Essas são as Pérolas de Mim.

Espero que gostem.

Beijos